Patricia Brunet
Doutoranda em Educação (PPGED/UFS)
Lembro-me da primeira vez que pisei no carpete do Teatro Atheneu, ainda aluna do Colégio Atheneu Sergipense, extasiada com o deslumbre de estudar numa escola com um teatro onde atores e atrizes ensaiavam; parecia um sonho! Dezenove anos se passaram desde então e o sonho se tornou real… Hoje, Atriz, Professora e Doutoranda, me debruço sobre a memória desse teatro que reflete a produção artística da nossa menina Aracaju, e é quase impossível não se emocionar. O teatro Atheneu foi fruto de um sonho, que segue despertando encantos há 70 anos.
Fruto de um sonho do então governador Arnaldo Garcez, de Maria Thetis Nunes e de muitos artistas, o teatro Atheneu completará 70 anos neste 28 de março de 2024. Convido-vos a adentrar o mundo do teatro e, como num passe de mágica, nos transportaremos para o ano de 1954, ano em que o teatro, ainda auditório do Colégio Atheneu Sergipense, foi inaugurado.
Estão prontas e prontos? Vamos lá!
As portas se abriram, não, ainda não tínhamos o painel pintado por Jenner Augusto para nos recepcionar, mas tínhamos muito calor humano para celebrar aquele grande momento. As poltronas não eram acolchoadas como hoje, na época eram de madeira, mas cumpriam o dever de acomodar a plateia que aguardava ansiosamente pelo referido discurso. A professora Thetis Nunes, então Diretora do Colégio, fez as honras da casa e falou sobretudo sobre ESPERANÇA!
“Este auditório é o triunfo da Esperança. A esperança de sua construção é longínqua, muitos o sonharam […]é nossa esperança que, no futuro, aqui poderemos através de grandes intérpretes ouvir ecoar as vozes de personagens imortais criados por Moliére, Ibsen, Shaw ou Shakespeare! […]o Auditório terá profunda influência. Permitirá o despertar de vocações, o desabrochar de talentos nos festivais a serem organizados”.
Esse é um trecho das palavras proferidas pela Professora Maria Thetis Nunes, disponível no Diário Oficial, em 19 de abril de 1955. Suas palavras pareciam profecia. O Teatro Atheneu se tornou por décadas a principal casa de espetáculos de Sergipe, recebendo artistas consagrados, promovendo encontros, festivais, e, principalmente, criando memórias! Qual o aracajuano que não tem uma memória afetiva com esta casa dos sonhos? A minha começou em 2005 e de lá pra cá, o repertório é vasto! Que as próximas gerações possam cultivar memórias sobre esta casa, que os nossos governantes olhem com mais carinho para este patrimônio, e que possamos celebrar suas próximas décadas com mais ESPERANÇA!
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/getempo/do-palco-ao-tempo-e-la-se-foram-70-anos/ em 28/03/2024
Postagens Relacionadas
- O brincar e a Segunda Guerra MundialMaria Luiza Pérola Dantas Barros Doutoranda em História Comparada (PPGHC/UFRJ)Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)E-mail: perola@getempo.org Iniciamos o mês de outubro e, com ele, vemos um bombardeio de propagandas relacionadas ao Dia das Crianças. Promoções de brinquedos aqui e… Continue a ler »O brincar e a Segunda Guerra Mundial
- Os espaços de lazer de Aracaju em tempos de guerraMaria Luiza Pérola Dantas Barros Doutoranda em História Comparada (PPGHC/UFRJ)Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)E-mail: perola@getempo.org Pensar em espaços de lazer é pensar nos locais destinados à diversão e como eles foram utilizados na Aracaju que vivenciou a Segunda… Continue a ler »Os espaços de lazer de Aracaju em tempos de guerra
- Espaços e fronteiras do CyberpunkAilton Silva dos Santos Mestre em História (PROHIS/UFS)Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)E-mail: ailton@getempo.org Ao ter a literatura como fonte de pesquisa, o historiador deve se questionar sobre qual método será utilizado para tal abordagem. Dentre os paradigmas da… Continue a ler »Espaços e fronteiras do Cyberpunk