Prof. Dr. André Luís André
Coordenador Institucional PIBID-UFS
Como geógrafo, minha visão da vida é a de que cada lugar é o mundo à sua maneira, mas que a existência parece ter uma ordem próxima, imediata e urgente, e uma ordem distante, à qual a maior parte de nós não alcança e não tem a menor condição de definir seus rumos. No entanto, na vida das pessoas, das comunidades, das classes, dos segmentos de classe, dos grupos de interesses e das instituições como a Universidade Federal de Sergipe, há determinadas políticas, interesses e/ou ações que são capazes de a alta política de um país intervir diretamente e sensivelmente na rotina e na reprodução da vida cotidiana. Esse é o caso do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID).
O PIBID surgiu como política de formação de professores em 2007, no início de uma trajetória nacional de ampliação de políticas de bem-estar social com suporte do governo federal. Executado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o objetivo do programa tem sido criar as condições para a formação de professores para o Ensino Básico, por meio da articulação entre as instituições de nível superior e as redes públicas de educação básica, com a formação de grupos (núcleos) que envolvam docentes do magistério da educação básica e superior, bem como estudantes de cursos de licenciatura das diversas áreas de ensino.
Assim, por meio do PIBID, as instituições formadoras de professores passaram a estabelecer, com as redes municipais e estaduais de educação, espaços de troca e elaboração de saberes, de práticas de ensino, aprendizagens e novas metodologias, à medida que o auxílio financeiro em forma de bolsa para professores e estudantes não apenas contribuiu para garantir a permanência desses espaços, mas possibilitou a própria dinâmica de engajamento em ações de formação, contribuindo, por sua vez, com a permanência dos estudantes nos cursos de licenciatura, num país que sabidamente submete seus profissionais/trabalhadores da educação a um mal-estar. Todavia, contraditoriamente, por meio do PIBID, consolidou-se um enorme movimento em prol da formação de professores em todo o país.
Na Universidade Federal de Sergipe, lá se vão 15 anos de implementação do programa, com mais de 3 mil estudantes egressos, uma série de eventos, publicações, ações e a consolidação de uma política permanente de diálogo entre a formação superior e a educação básica.
Após alguns anos de forte impacto no programa com as várias políticas de arrocho fiscal implementadas a partir de 2015 pelo governo federal e o sufocamento de recursos acelerado a partir de 2018, o PIBID vai aos poucos retomando seu papel preponderante na formação de professores em todo o país. Hoje, o PIBID-UFS, avaliado pela CAPES como um dos dez melhores programas do país, conta com 24 grupos (núcleos) atuando, com 24 docentes da instituição, 72 docentes da educação básica espalhados por quase 50 escolas em todo estado, com forte presença na Grande Aracaju e nos principais municípios do interior do Estado. São 572 estudantes de 11 áreas de licenciatura diferentes, distribuídos em 22 núcleos disciplinares e 2 interdisciplinares.
O PIBID-UFS potencializou a formação de professores, ampliou as trocas interinstitucionais e, principalmente, ajudou a formar uma geração de profissionais/trabalhadores da educação capazes de responder aos desafios do nosso tempo, aos desafios políticos e econômicos impostos à sociedade brasileira na última década e às necessidades locais e regionais da formação de professores. O PIBID é um sopro de esperança de uma educação emancipadora!
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/getempo/pibid-um-sopro-de-educacao-emancipadora/ em 07/12/2023