Fernanda Victoria Góes Marques
Graduanda em História (DHI-UFS)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Bolsista – PIBIC
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Andreza Maynard (UFS)
E-mail: nandavictoria44@gmail.com
O cinema possui a capacidade de fazer o espectador se divertir, se emocionar e refletir sobre algo. Essa observação parece ser uma boa descrição para todos os filmes, inclusive aqueles que são chamados de antinazistas, ou seja, os que foram produzidos a partir de 1939 pelos estúdios hollywoodianos.
Durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos já vinham produzindo filmes sobre o conflito apesar de manter um posicionamento neutro, que muda totalmente após o ataque à base naval de Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, fazendo o país entrar oficialmente na Guerra.
Os filmes denominados antinazistas, com suas histórias marcantes e a crítica ao inimigo alemão, atraíam o público aos cinemas, em especial no Brasil, o que não deixava de ser entretenimento. Três filmes em especial chamaram a atenção do público brasileiro: O Grande Ditador (1940, Charles Chaplin), Tempestades D’alma (1940, Frank Borzage) e Casablanca (Michael Curtiz, 1942).
Com o próprio Chaplin (1889-1977) interpretando dois personagens no filme, O Grande Ditador conta a história de um barbeiro judeu que acaba batendo a cabeça após uma queda de avião e permanece desacordado até a Segunda Guerra, quando descobre que o país foi dominado pelo ditador Adenoid Hynkel, uma caricatura de Hitler, cujo sonho é dominar o mundo.
Hynkel possui uma disputa em relação à invasão da Osterlich (Áustria) com o ditador da Bactéria (paródia da Itália), Benzino Napaloni, que também é uma caricatura do líder fascista italiano Benito Mussolini (1882-1945). Alguns momentos do filme são famosos até os dias de hoje, como o discurso feito pelo barbeiro ao final e a cena em que Adenoid Hynkel dança com o globo terrestre, que explode logo em seguida.
Já Tempestades D’alma conta a história do professor Viktor Roth, interpretado por Frank Morgan (1890-1949), que vê a sua família ser dividida após Adolph Hitler se tornar o chanceler da Alemanha. O professor universitário passa a ser perseguido por ser judeu, remetendo às intervenções do ditador alemão na vida real.
A partir de 1942, começamos a ver filmes que tratam diretamente da Segunda Guerra, a exemplo de Casablanca, que tem como foco a rota de imigração feita da Europa até a América, onde era necessário pegar um visto na cidade de mesmo nome localizada no Marrocos, na época, colônia da França
Durante a trama, o telespectador acompanha a história de Rick Blaine, interpretado por Humphrey Bogart (1899-1957), dono de uma casa noturna que se depara com a busca pelas chamadas cartas de trânsito, uma espécie de visto. A partir disso, ele reencontra Ilsa Lund (Ingrid Bergman), uma paixão do passado que busca os vistos para ir para à América com o marido que havia fugido de um campo de concentração.
O filme é rico em detalhes em relação às operações feitas pelo Reich, sem deixar de mencionar a forma como era arquitetadas as prisões ou emboscadas, relatando também a demora na liberação dos vistos para as pessoas saírem de Casablanca e as prisões feitas a aqueles que criticavam o regime nazista, como foi o caso do personagem Victor Laszlo (Paul Henreid), marido de Ilsa.
O cinema ainda conquista gerações da mesma forma que conquistou as do passado. E mesmo 77 anos após o fim da Segunda Guerra, filmes a respeito dessa temática são produzidos e continuam a entreter, despertar emoções e informar sobre esse período brutal da história.
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/o-antinazismo-presente-nas-telas-do-cinema/ em 05/08/2022
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