Caroline de Lara
Mestre em História – Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR
Professora de História da educação básica
A visibilidade das mulheres vem progredindo a passos curtos e ainda há muito a ser conquistado. No mês de março, habitualmente, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, mas, além das flores, é crucial olharmos, ouvirmos e constatarmos os silêncios presentes nas narrativas históricas assim como no dia a dia.
Nesse dia, não celebramos apenas suas conquistas, mas também confrontamos as injustiças sistêmicas que ainda permeiam nossas sociedades, principalmente no que diz respeito à pluralidade do que é ser mulher no século XXI.
Ao longo dos séculos, as mulheres têm sido relegadas a papéis secundários, suas contribuições muitas vezes esquecidas ou minimizadas nos anais da história e suas vozes e realizações obscurecidas pela sombra do patriarcado e do machismo.
No entanto, é essencial reconhecer que as mulheres sempre estiveram na vanguarda das lutas por justiça social, seja de forma individual ou coletiva. Desde a defesa pela institucionalização e padronização da educação para meninas, realizado pela princesa Nana Asma’u, do califado de Socoto na atual Nigéria em meados do século XIX, passando pelas revoltas das operárias de Nova Iorque, em 1857, até os movimentos contemporâneos por direitos reprodutivos e igualdade salarial, as mulheres têm sido agentes de mudança, desafiando o status quo e redefinindo os limites do possível.
No entanto, enquanto celebramos as vitórias, também devemos confrontar as realidades complexas de suas experiências. Mulheres em todo o mundo enfrentam desafios únicos, desde a violência de gênero até a falta de acesso a recursos básicos como educação, saúde e profissionalização.
Além disso, é importante reconhecer as interseccionalidades de gênero, raça, classe e identidade sexual. Mulheres de comunidades marginalizadas enfrentam barreiras adicionais à igualdade, enfrentando variadas discriminações frente ao sistema opressivo.
Portanto, neste Dia Internacional da Mulher, não devemos apenas celebrar suas conquistas, mas também comprometer-nos com uma verdadeira mudança estrutural. Podemos ter na educação uma aliança imprescindível para a construção de cidadãos conscientes das mais variadas nuances de vivência das mulheres.
Devemos trabalhar para criar uma sociedade mais inclusiva, onde todas as mulheres possam viver com dignidade, segurança e liberdade. Isso exige uma reflexão crítica sobre nossas próprias posições de privilégio, bem como um compromisso contínuo com a justiça social e a igualdade de gênero em todas as suas formas.
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/getempo/do-silencio-as-flores-para-alem-do-dia-internacional-das-mulheres/ em 07/03/2024