Liliane Costa Andrade
Doutoranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal de Sergipe (GET/UFS/CNPq)
Orientador: Dr. Dilton C. S. Maynard (DHI/ProfHistória/UFS – PPGHC/UFRJ)
A Guerra Fria foi um longo conflito ocorrido entre os anos de 1947 e 1991. Tendo como protagonistas os Estados Unidos e a União Soviética, essa guerra representou o embate entre dois modelos econômicos e ideológicos opostos: o modelo capitalista, liderado pelos EUA, e o modelo comunista, capitaneado pela URSS e que foi derrotado ao final do embate, levando à dissolução da União Soviética em dezembro de 1991.
Esse cenário de polarização, que vigorou por mais de 50 anos e trouxe diversas consequências ao mundo, foi bem representado pelo Muro de Berlim. Construído em 1961, esse muro resultou na divisão de Berlim, capital da Alemanha (derrotada na II Guerra Mundial), em duas partes: a Berlim Ocidental, sob a influência dos EUA e do capitalismo, e a Berlim Oriental, sob a influência da URSS e do comunismo.
Mais que uma estrutura física, o Muro de Berlim é considerado o principal símbolo da Guerra Fria, e foi responsável por dividir a Alemanha ao longo de 28 anos quando, em 1989, fora derrubado. Essa queda trouxe consigo o “vento da mudança” em inglês, ‘wind of change’, que intitula uma das canções da banda alemã de rock Scorpions.
‘Wind of Change’ (Vento da Mudança) foi lançada em 1990, no álbum ‘Crazy World’. O responsável pela sua composição foi o vocalista do grupo, Klaus Meine, que se inspirou nos acontecimentos daquele período para escrever a letra, e que deu um toque especial à melodia través de um marcante assovio presente na música. Na parte final do videoclipe (entre 4:00 e 4:05), enquanto se ouve, no refrão, a passagem ‘wind of change – o vento da mudança’, se vê imagens do Muro de Berlim sendo destruído.
A partir do exemplo de ‘Wind of Change’, produzida e lançada durante a Guerra Fria, – e eu poderia aqui utilizar outras canções –, chamo atenção para a necessidade de termos em mente que há uma estreita relação entre as produções musicais e o tempo presente. Em boa parte dos casos, essas canções têm muito a nos dizer sobre problemas, eventos e aspectos do tempo e da sociedade em que foram produzidas. Desse modo, além do entretenimento que a música representa em nossas vidas, busquemos também refletir acerca das mensagens que elas transmitem.
Para saber mais:
TRINDADE, Mônica Porto Apenburg. O ‘Vento da Mudança’: 30 anos da queda do Muro de Berlim. In: ANDRADE, A. B. S.; MAYNARD, D. C. S.; BARROS, M. L. P. D. (Orgs.). GETEMPO: Novas memórias de uma coluna na internet. Vol. 2. Recife: EDUPE, 2020, p. 72-74.
TRINDADE, Mônica Porto Apenburg. O caráter intelectual das canções de rock durante a Guerra Fria. In: Do Rock à Literatura: reflexões sobre história e cultura. MAYNARD, D. C. S.; TRINDADE, M. P. A. (Orgs.). São Cristóvão: Editora UFS, 2021, p. 26-44.
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/guerra-fria-musica-e-tempo-presente/ em 31//03/2022