Adriana Mendonça Cunha
Doutoranda pelo PPGHCS/COC/Fiocruz
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
“Uma imagem vale mais que mil palavras”. Todos já ouvimos ou reproduzimos esse dito popular em algum momento das nossas vidas. Atribuída ao filósofo chinês Confúcio (552 a.c.- 489 a.c.), essa frase é carregada de significados; afinal, o que podem nos dizer as imagens? Elas dizem a mesma coisa para pessoas distintas? Representam uma realidade ou uma interpretação da realidade? Essas são algumas das questões que os historiadores se fazem ao utilizar imagens como fontes históricas. Assim como os documentos escritos, elas podem revelar inúmeros aspectos de uma época, de um povo, de uma cultura, representando continuidades, movimentos e revoluções.
E é justamente com o tema Imagens e Movimentos que o Grupo de Estudos do Tempo Presente da Universidade Federal de Sergipe (GET/UFS/CNPq) vai realizar a quarta edição do Debates do Tempo Presente. De abrangência nacional, o evento ocorrerá de forma totalmente on-line, por meio do canal Tempo Presente UFS GET no Youtube e da plataforma Google Meet, nos dias 20, 21 e 22 de outubro de 2021.
Com a escolha desse tema, o evento visa contribuir para as discussões de historiadores sobre o poder da imagem no tempo presente, marcado pelo domínio de redes sociais como o Instagram, cuja principal característica é a postagem de fotos. Historicamente, as imagens sempre foram utilizadas para representar as sociedades e suas práticas e valores, desde pinturas rupestres nas cavernas e quadros de reis absolutistas até os memes reproduzidos nas redes sociais.
E é justamente o poder das imagens reproduzidas nas redes e sua capacidade de propagar ideias e movimentos que tem despertado a atenção dos historiadores. Um exemplo disso, é o vídeo do afro-americano George Floyd sendo estrangulado por um policial branco, divulgado nas redes e telejornais do mundo inteiro, e que gerou uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial.
Ao mesmo tempo, numa era de informação e fake news, imagens distorcidas e reproduzidas milhares de vezes podem causar inúmeros problemas. E é, neste ponto, que o historiador desempenha um papel crucial, pois, como escreveu Roger Chartier, “a imagem é, ao mesmo tempo, transmissora de mensagens, que visam seduzir e convencer” como também é “tradutora de convenções partilhadas que permitem que ela seja compreendida, recebida, decifrável”. (1993, p.407). Cabe a nós, munidos de técnicas características do nosso ofício, decifrar os múltiplos significados que as imagens carregam.
Com esse evento, o GET propõe e convida historiadores e pesquisadores de todo o país a promover um amplo debate sobre imagem, cinema, movimentos e transformações na história, destacando o papel que eles têm desempenhado no nosso tempo, um tempo de velocidade, informação e muitos, mas muitos memes.
Para saber mais:
CHARTIER, Roger. In: BURGUIÉRE, André (org.). Dicionário das Ciências Históricas. Imago, 1993, p.407.
SUDRÉ, Lu. George Floyd: um ano do levante global que entrou para história da luta antirracista. Brasil de Fato, 25/05/2021. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2021/05/25/george-floyd-um-ano-do-levante-global-que-entrou-para-historia-da-luta-antirracista. Acesso em: 13/10/2021.
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/iv-debates-do-tempo-presente-movimentos-e-imagens-na-historia/ em 14/10/2021