Liliane Costa Andrade
Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ)
Bolsista CAPES
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET-UFS/CNPq)
E-mail: liliane@getempo.org
Orientador: Prof. Dr. Dilton Maynard
Ao longo da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o cinema atuou de diferentes formas: oferecendo entretenimento à população que frequentava as salas de exibição; como ferramenta de propaganda dos países envolvidos no estado de beligerância; como ferramenta instrutiva aos exércitos combatentes.
Conforme destacado na revista A Cena Muda, naquele contexto, o cinema colocava-se como o melhor observador e relator de que dispunham os Estados Maiores dos Exércitos em luta. Desse modo, as expedições militares eram compostas, também, por cinegrafistas. O objetivo desses profissionais era filmar batalhas a fim de contribuir com os comandos de guerra, à medida que registravam nos filmes suas próprias ações, como também as dos inimigos, ajudando assim a traçar estratégias para os combates.
No caso dos Estados Unidos, além dos cinegrafistas, atores também passaram a compor as Forças Armadas do país para fins cinematográficos, a exemplo do astro hollywoodiano Clark Gable. Chamado, no auge da sua careira, como o “Rei de Hollywood”, Gable integrou a Força Aérea norte-americana.
Numa matéria publicada em 08 de junho de 1943, o Correio da Manhã (RJ) informava que, em entrevista concedida a jornalistas britânicos e norte-americanos, Gable havia revelado em que consistiam suas atividades atuais como membro da Força Aérea. Sendo assim, o ator informou que fora enviado à Inglaterra na companhia de cinco homens para que filmasse películas instrutivas sobre a melhor forma de derrubar aviões do Eixo; elas eram destinadas exclusivamente para as Forças Armadas. Ao regressar aos Estados Unidos com as filmagens, receberia ordens sobre o novo destino que tomaria.
Além de instruir, os filmes também eram utilizados para fins de treinamento militar das Forças Armadas. De acordo com o Correio da Manhã (RJ), em 1943, centenas de películas que mostravam o adestramento do exército americano estavam sendo exibidas em países latino-americanos; a ideia era que eles observassem os métodos empregados pelos vizinhos americanos, a fim de treinar suas forças militares.
A partir desses e de outros exemplos, é possível afirmar que o cinema, através do seu maquinário, das suas técnicas e dos seus componentes humanos, esteve a serviço e desempenhou uma importante função nessa Guerra, que é considerada o maior conflito do século XX.
O texto integra atividades do projeto “O Pearl Harbor brasileiro: o cotidiano de Sergipe na Segunda Guerra (1942-1945)”, apoiado pelo CNPq através do Edital Universal 2018.
Originalmente publicado em: https://infonet.com.br/blogs/o-cinema-a-servico-da-guerra/ em 18/02/2021.